quarta-feira, 20 de abril de 2011

Páscoa, feriados e lembranças


Nunca fez muito sentido para mim esse negócio de páscoa.Quando criança, faz tempos prá cacete, a sexta-feira da Paixão era um dia de lascar:
- Nada de televisão
- Nada de rádio
- Nada de brincadeiras e sorrisos, gargalhadas...
- Jogar bola? Nunca, pecado quase mortal.
- Varrer a casa era proibido para minha mãe.
- Jejum na sexta-feira inteira, até ao meio dia do sábado.

Sábado de Aleluia.
Agora sim, a gente não via a hora do relógio assinalar 12 horas.
O Judas amarrado no alto do poste e a molecada esperando com seus porretes.
Juntava uma montueira de gente para rir e malhar o Judas, que na época não tinha a cara de ninguém.
Depois de malhar o Judas, almoço;"Bacalhau Acocorado" assim eu e meus irmãos batizamos o bacalhau ao leite de coco que minha fazia. Senti agora o aroma e salivei de monte.
Ela ainda o faz, mas hoje em dia para ela e meu pai na distante Saloá-PE.
- Porra Macka, e o ovo de Páscoa?
- Que ovo meu? No meu tempo tinha desses negócios não. Só os ricos podiam comprar ovo. Na periferia onde cresci nem chegava, se algum remediado podia comprar tinha que ir até o Bráz se arriscando a derreter a bagaça dentro do trem da central, linha Variante.
Hoje, vejo na tv, tem supermercado vendendo ovo de chocolate em 10 pagamentos.
Come hoje e termina de pagar no carnaval do ano que vem?
Eita mundão de plástico da porra.(olha aí Chico Cesar, não é só banda de forró de plástico não ha ha ha.


Vou tentar, junto com a família que vem para cá nesse feriado, fazer o bacalhau acocorado! Não meu senhora, minha senhora, não comprei o bacalhau à prestação não.

PS- Não tenho certeza, e não vou ao Google, me parece que em SP é proibido malhar o Judas pq a molecada começou a colocar a cara de políticos nos bonecos. É isso?

PS2- Traduzindo livremente o diálogo da imagem (como se precisasse né?):
- Então, eu estou lendo a Bíblia.
- Sério? Puta merda cara, o Jesus morre no final hahahaha!